terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei
Haverá longos poentes sobre o mar
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como seu eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Oiçam na voz de Paula Oliveira, com arranjos de Bernardo Moreira, no album Fado Roubado...

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